O Índice de Percepção da Corrupção em 2023

February 6, 2024

A Transparência Internacional, sediada em Berlim, é uma organização sem fins lucrativos, focada em anticorrupção que atua a nível internacional. Seu propósito é combater a corrupção e as atividades criminosas ligadas a atos corruptos.

Em 30 de janeiro de 2024, a Transparência Internacional publicou o índice da percepção da corrupção (IPC) referente ao ano de 2023, que é resumido no mapa-múndi acima. No mapa, quanto mais amarelo, menos corrupto é o país e quanto mais vermelho escuro, mais corrupto. O IPC atualmente considera 180 países e é publicado anualmente pela organização desde 1995.

Na verdade, o IPC leva em consideração a percepção de como os setores públicos dos180 países é encarada por especialistas e executivos e não pelo público em geral. O relatório é elaborado pela análise de dados de 13 fontes diferentes, cuja produção não sofre qualquer influência ou manipulação da Transparência Internacional. Entre estas fontes, encontram-se dados produzidos pelo Banco Mundial, pelo Fórum Econômico Mundial, assim como dados elaborados por empresas de análise de risco e por empresas que desempenham um papel de advocacy para políticas públicas, produzindo conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos.

De fato, a Transparência Internacional padroniza os scores, já que suas métricas podem se diferenciar de país para país. A padronização, por fim, vai de 0 a 100, sendo calculada para cada um dos países.

Nesse ano, o IPC de 2023, segundo a Transparência Internacional, indicou que mais de dois terços dos países avaliados têm pontuação abaixo de 50 em 100, o que indica sérios problemas de corrupção. A média global está estagnada em apenas 43, enquanto a grande maioria dos países não fez qualquer progresso ou até mesmo diminuiu na última década. Além disso, 23 países caíram para suas pontuações mais baixas até agora.

Nas imagens abaixo, é possível ver o ranking de todos os países:

Desde 2014 até o presente, 6 países evoluíram consideravelmente: Uzbequistão subiu 15 pontos, Tanzânia subiu 10 pontos, Ucrânia subiu 10 pontos, Costa do Marfim subiu 8 pontos, República Dominicana subiu 7 pontos e Kwait subiu 7 pontos. Todos estes demonstram avanços significativos no combate à corrupção.

No extremo oposto, temos outros 6 países que pioraram sobremaneira no combate à corrupção: Turquia recuou 11 pontos, Guatemala recuou 9 pontos, Suécia recuou 7 pontos, Gabão recuou 7 pontos, Mongólia recuou 6 pontos e Sri Lanka recuou 4 pontos.

Abaixo, encontra-se uma tabela da flutuação dos países desde 2012 até o presente:

No topo do ranking temos Dinamarca com 90 pontos, Finlândia com 87 pontos, Nova Zelândia com 85 pontos, seguidos por Noruega, Singapura, Suécia, Suíça, Holanda, Alemanha e Luxemburgo, compondo as 10 primeiras posições. No oposto, temos Somália com 11 pontos, Venezuela, Síria e Sudão do Sul com 13 pontos, seguidos por Iêmen, Nicarágua, Coreia do Norte, Haiti, Guiné Equatorial e Turcomenistão fechando o fundo do ranking.

Na América do Sul, o Uruguai continua liderando o ranking com 73 pontos, seguido pelo Chile, com 66 pontos. Já os demais países sul-americanos, inclusive o Brasil, apresentam desempenho aquém, com pontuação variando entre 30 e 40, à exceção da Bolívia com 29 pontos, do Paraguai com 28 pontos e da Venezuela que possui apenas 13 pontos.

O desempenho pífio do continente sul-americano pode ser constatado ao levar-se em consideração a média global igual a 43 pontos. De todos os países sul-americanos, escapam apenas Uruguai e Chile.

Com respeito ao Brasil, o país infelizmente recuou de 38 pontos em 2022 para 36 pontos em 2023, caindo nada menos que 10 posições no ranking geral e terminando na 104ª colocação dentre os 180 países avaliados. O quadro abaixo demonstra bem a evolução do IPC brasileiro ao longo do tempo:

Entre 2012 e 2023, o Brasil perdeu 7 pontos no Índice de Percepção da Corrupção e caiu 35 posições, saindo da 69ª para a 104ª colocação. Os 36 pontos alcançados pelo país em 2023 representam um desempenho ruim e o coloca abaixo da média global de 43 pontos, da média regional para América Latina e Caribe 43 pontos, da média dos BRICS de 40 pontos e ainda mais distante da média dos países do G20 de 53 pontos e da OCDE de 66 pontos.

Na publicação do IPC para 2023, a Transparência Internacional emitiu um documento intitulado Retrospectiva Brasil 2023 em formato de relatório. O texto busca estabelecer os prós e contras para fundamentar a estagnação do país no combate à corrupção e merece ser lido.

Esse relatório elaborado pela Transparência Internacional não se limita à crítica, mas tece recomendações direcionadas ao Governo Federal, ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Todos naturalmente desempenham um papel crucial no combate à corrupção e deles dependem as mudanças para tornar mais difícil a vida de corruptos e corruptores.

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A Transparência Internacional, sediada em Berlim, é uma organização sem fins lucrativos, focada em anticorrupção que atua a nível internacional. Seu propósito é combater a corrupção e as atividades criminosas ligadas a atos corruptos.

Em 30 de janeiro de 2024, a Transparência Internacional publicou o índice da percepção da corrupção (IPC) referente ao ano de 2023, que é resumido no mapa-múndi acima. No mapa, quanto mais amarelo, menos corrupto é o país e quanto mais vermelho escuro, mais corrupto. O IPC atualmente considera 180 países e é publicado anualmente pela organização desde 1995.

Na verdade, o IPC leva em consideração a percepção de como os setores públicos dos180 países é encarada por especialistas e executivos e não pelo público em geral. O relatório é elaborado pela análise de dados de 13 fontes diferentes, cuja produção não sofre qualquer influência ou manipulação da Transparência Internacional. Entre estas fontes, encontram-se dados produzidos pelo Banco Mundial, pelo Fórum Econômico Mundial, assim como dados elaborados por empresas de análise de risco e por empresas que desempenham um papel de advocacy para políticas públicas, produzindo conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos.

De fato, a Transparência Internacional padroniza os scores, já que suas métricas podem se diferenciar de país para país. A padronização, por fim, vai de 0 a 100, sendo calculada para cada um dos países.

Nesse ano, o IPC de 2023, segundo a Transparência Internacional, indicou que mais de dois terços dos países avaliados têm pontuação abaixo de 50 em 100, o que indica sérios problemas de corrupção. A média global está estagnada em apenas 43, enquanto a grande maioria dos países não fez qualquer progresso ou até mesmo diminuiu na última década. Além disso, 23 países caíram para suas pontuações mais baixas até agora.

Nas imagens abaixo, é possível ver o ranking de todos os países:

Desde 2014 até o presente, 6 países evoluíram consideravelmente: Uzbequistão subiu 15 pontos, Tanzânia subiu 10 pontos, Ucrânia subiu 10 pontos, Costa do Marfim subiu 8 pontos, República Dominicana subiu 7 pontos e Kwait subiu 7 pontos. Todos estes demonstram avanços significativos no combate à corrupção.

No extremo oposto, temos outros 6 países que pioraram sobremaneira no combate à corrupção: Turquia recuou 11 pontos, Guatemala recuou 9 pontos, Suécia recuou 7 pontos, Gabão recuou 7 pontos, Mongólia recuou 6 pontos e Sri Lanka recuou 4 pontos.

Abaixo, encontra-se uma tabela da flutuação dos países desde 2012 até o presente:

No topo do ranking temos Dinamarca com 90 pontos, Finlândia com 87 pontos, Nova Zelândia com 85 pontos, seguidos por Noruega, Singapura, Suécia, Suíça, Holanda, Alemanha e Luxemburgo, compondo as 10 primeiras posições. No oposto, temos Somália com 11 pontos, Venezuela, Síria e Sudão do Sul com 13 pontos, seguidos por Iêmen, Nicarágua, Coreia do Norte, Haiti, Guiné Equatorial e Turcomenistão fechando o fundo do ranking.

Na América do Sul, o Uruguai continua liderando o ranking com 73 pontos, seguido pelo Chile, com 66 pontos. Já os demais países sul-americanos, inclusive o Brasil, apresentam desempenho aquém, com pontuação variando entre 30 e 40, à exceção da Bolívia com 29 pontos, do Paraguai com 28 pontos e da Venezuela que possui apenas 13 pontos.

O desempenho pífio do continente sul-americano pode ser constatado ao levar-se em consideração a média global igual a 43 pontos. De todos os países sul-americanos, escapam apenas Uruguai e Chile.

Com respeito ao Brasil, o país infelizmente recuou de 38 pontos em 2022 para 36 pontos em 2023, caindo nada menos que 10 posições no ranking geral e terminando na 104ª colocação dentre os 180 países avaliados. O quadro abaixo demonstra bem a evolução do IPC brasileiro ao longo do tempo:

Entre 2012 e 2023, o Brasil perdeu 7 pontos no Índice de Percepção da Corrupção e caiu 35 posições, saindo da 69ª para a 104ª colocação. Os 36 pontos alcançados pelo país em 2023 representam um desempenho ruim e o coloca abaixo da média global de 43 pontos, da média regional para América Latina e Caribe 43 pontos, da média dos BRICS de 40 pontos e ainda mais distante da média dos países do G20 de 53 pontos e da OCDE de 66 pontos.

Na publicação do IPC para 2023, a Transparência Internacional emitiu um documento intitulado Retrospectiva Brasil 2023 em formato de relatório. O texto busca estabelecer os prós e contras para fundamentar a estagnação do país no combate à corrupção e merece ser lido.

Esse relatório elaborado pela Transparência Internacional não se limita à crítica, mas tece recomendações direcionadas ao Governo Federal, ao Congresso Nacional, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público. Todos naturalmente desempenham um papel crucial no combate à corrupção e deles dependem as mudanças para tornar mais difícil a vida de corruptos e corruptores.

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